
Após passar por diversos festivais, a produção chega ao circuito comercial e dá novo fôlego ao cinema nacional ao mostrar a periferia com os olhos de alguém de dentro, fugindo um pouco do óbvio e dos temas batidos que foram se acumulando nos últimos anos.

Os três decidem aproveitar a festa de aniversário de Macu para reforçar a amizade e passar o dia juntos passeando pelo bairro no qual cresceram, mas a coisa complica quando os traficantes da área decidem aproveitar a passagem de Jaiminho para sequestrá-lo. É nessa hora que Macu precisará decidir qual atitude tomar: proteger o amigo ao custo de comprar uma dívida com os criminosos ou usar a situação como prova de sua coragem para entrar no grupo dos traficantes.
“Bróder” é cheio de acertos, a começar pela escolha do Capão Redondo como locação. O bairro da Zona Sul da capital paulista não é apenas um ambiente para a história, mas um personagem do filme, além de servir como microuniverso do Brasil das contradições e das facetas multiculturais. As situações mostram que Jeferson De tem muito mais dor de cabeça do que Spike Lee na hora de fazer críticas sociais e raciais. E a família de Macu mais uma vez mostra o homem da casa como um elemento fraco, simbolizando a ausência do Estado – uma metáfora frequente no cinema nacional.
A sintonia entre os três é evidente e os atores nos fazem acreditar que são realmente amigos de infância. Guindane traz em seu semblante as incertezas de alguém que ainda está descobrindo na pele as dificuldades da vida adulta – e sem dinheiro. Haagensen é o jovem que acabou de ficar rico, mas que não esquece suas origens. Ele troca a comida de restaurantes chiques pela feijoada da madrinha, e sua felicidade em estar no bairro natal é expressa pelo carisma e sorriso de Haagensen.
Como o próprio diretor brinca, Bróder é sobre a família do Zé Pequeno (personagem do filme “Cidade de Deus”), é sobre como esses garotos se tornam “Zé Pequenos” diariamente. Aliás, há outro paralelo entre o filme de Jeferson De e de Fernando Meirelles: é em Bróder que conhecemos o verdadeiro “Trio Ternura”.
CURISOSIDADE: Caio Blat incorporou com tanta eficácia o personagem Macu que ele chegou a ser expulso de um restaurante, durante a pausa das filmagens. O segurança do estabelecimento achou que ele queria roubar o local.
*Texto publicado no site www.Plugou.com.br
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