
O diretor volta a colocar o homem enfrentando a natureza no filme “Caminho da Liberdade”, sobre um grupo de fugitivos de uma das “gulags” – as prisões com trabalhos forçados da antiga União Soviética. Para recuperar a liberdade e fugir das péssimas condições em que estão submetidos, sete prisioneiros caminharam por cerca de quatro mil quilômetros, indo da Sibéria, cruzando a Mongólia e a China até a Índia. Durante o longo e sacrificante percurso, foi preciso lutar contra a fome, a sede, o cansaço, e os dois extremos climáticos: as tempestades de neve e o calor dos desertos. A história é inspirada no livro “The Long Walk: The True Story of a Trek to Freedon”, do polonês Slavomir Rawicz.
“Caminho da Liberdade” não se trata, no entanto, de uma aventura – pelo contrário. Peter Weir criou um filme de contemplação, no qual os destaques vão para as paisagens: não à toa, o longa-metragem é uma produção da National Geografic. Mas isso não significa que os personagens fiquem em segundo plano, principalmente porque o elenco é de primeira: Jim Sturgees (que deve ganhar o grande público em breve, quando estrear “One Day”, romance com Anne Hathaway), Ed Harris (“Pollock”), Colin Farrell (“Por Um Fio”), Mark Strong (“Kick-Ass”) e Saoirse Ronan (a garotinha de “Um Olhar do Paraíso”, hoje já nem tão garotinha assim).
Weir gasta alguns minutos iniciais do filme para deixar claro que a corajosa decisão de cruzar o continente asiático foi menos uma atitude heroica e mais uma questão de sobrevivência, mesmo. Na prisão siberiana do regime de Stálin, as condições eram desumanas, equivalentes aos campos de concentração nazistas. Presos políticos e criminosos violentos dividiam o mesmo espaço, passando fome e frio. Um dos prisioneiros, liderados pelo personagem de Sturgees, reúne um grupo e escapa em meio a uma nevasca. Daí para frente, Weir permite que, pouco a pouco, cada ator explore de forma intensa seus personagens, que serão colocados em situações extremas. Ao mesmo tempo, o diretor usa as belíssimas imagens das gigantescas paisagens para estabelecer o lugar do homem no mundo.

*Texto publicado no site www.Plugou.com.br
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