Toni Venturi transforma São Paulo em personagem de seu novo filme

A capital pulsa a cada cena do filme, seja nas baladas da noite paulistana, seja na citação da lei antifumo em locais fechados, ou na questão da moradia urbana (assunto caro a Venturi, como também pode ser visto em seu documentário Dia de Festa). A cena inicial faz literalmente um voo sobre uma das maiores metrópoles do mundo, chegando inclusive a inclinar a câmera, como se fosse um pássaro virando a cabeça. A visão é uma mistura de beleza e tristeza, mas, principalmente, de solidão. Vista de longe, de cima, São Paulo parece até silenciosa, como a protagonista Carmem (Leandra Leal), uma jovem médica residente que saiu do interior do Rio de Janeiro para conquistar o sucesso profissional.
Seu objetivo é se tornar cirurgiã e parece não haver qualquer barreira que possa impedi-la de conquistar esse sonho: é autocentrada, inteligente e esforçada. Relacionamentos amorosos são descartados porque podem desviar seu foco e mesmo os amigos foram colocados de lado. A imagem é simbólica, mas representa tudo: a garota está tão fechada para si que guarda até os fios de cabelo que corta. Ela não consegue se doar ao mundo e é irônico pensar que sua profissão é a medicina.


Carmem também se descobre desprotegida e sua personagem poderia cair facilmente num dramalhão mexicano não fossem o cuidado do diretor e, principalmente, a grandiosa interpretação de Leandra Leal, que confere sinceridade a uma jovem que descobre um mundo muito maior do que imaginava. E, por mais que tente controlar seus caminhos, como um imponente arranha-céu, ela perceberá que a vida é tortuosa, como o Edifício Copan.
*Texto publicado pelo site PipocaModerna.com
Leandra Leal, você quis dizer ;)
ResponderExcluirGostei da resenha, mas ainda não sei se esse filme será capaz de me tirar de casa neste frio. Um sério candidato a dvd...
Isso, Leal. Valeu ;)
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