Acabaram as filmagens de
“O Cavaleiro das Trevas Ressurge”, capítulo final da trilogia de Batman sob a
ótica de Christopher Nolan. E até o cineasta, conhecido por ser frio e
cerebral, assumiu que teve sua sensibilidade abalada durante a produção. “Eu
não costumo ficar emotivo no set, acho que isso não me ajuda a fazer meu
trabalho, mas você definitivamente fica com um nó na garganta ao pensar ‘Bem,
esta é a última vez que vamos fazer isso’”, confessou Nolan ao Los Angeles
Times.
Durante
a semana, jornalistas americanos tiveram acesso ao prólogo de sete minutos que
será exibido nas cópias IMAX de “Missão Impossível – Protocolo Fantasma”, que
estreia nesta sexta (16/12) nos EUA. O preview tem como função apresentar o
personagem Bane (Tom Hardy) ao público, assim como foi feito em “O Cavaleiro
das Trevas”, que introduziu o Coringa de Heath Ledger.
O
diretor, no entanto, não abre mão do segredo do enredo – sabe-se apenas que a
história se passa oito anos após os eventos do filme anterior e Batman está
sendo caçado pela polícia, já que ele acabou assumindo os crimes cometidos por
Harvey Dent/Duas-Caras (Aaron Eckhart). Durante a divulgação de seu novo
longa-metragem, “O Espião que Sabia Demais”, Gary Oldman (o comissário Gordon)
não escondeu a empolgação com a conclusão da saga do Homem-Morcego. “É uma
história fantástica e isso vai ser épico”, ele disse.
É
a mesma empolgação que acomete os fãs, principalmente porque a escolha do
antagonista, somadas às fotos das filmagens feitas por paparazzi e ao novo
cartaz, com os dizeres “A Lenda Acaba”, leva a crer que “O Cavaleiro das Trevas
Ressurge” adapta a saga “Batman: Knightfall”, publicada em 1993. Na história,
Bane arquiteta um plano para levar o herói à exaustão física e emocional até
que, numa luta corpo a corpo, o vilão quebra a coluna do herói, deixando-o
paralítico.
Obviamente,
Nolan nega qualquer pista, mas sempre deixa claro que a força física e
inteligência de Bane vão direcionar a história. “Com um bom vilão você precisa
de um arquétipo, precisa ir a um tipo extremo de vilania. O Coringa era a
anarquia, o caos. Com Bane, a questão é a fisicalidade, algo que não havia
aparecido nos outros filmes. Bane é um vilão de força física, é um monstro
clássico do cinema, de certa forma – mas com um cérebro fantástico”.
O
próprio Homem-Morcego, Christian Bale, avisou que neste terceiro filme Batman
vai passar por maus bocados. “É hora de Bruce Wayne enfrentar a dor, que sempre
atormentou sua vida”, ele comentou durante a promoção de seu novo filme, “The
Flowers of War”, candidato chinês ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.
Christopher
Nolan escreveu o roteiro com o irmão Jonathan Nolan a partir de conversas com
seu outro parceiro, o escritor David S. Goyer – que o apresentou ao personagem.
“Eu não o conhecia muito bem”, confessou Nolan. “David me deu um monte de
coisas sobre ele, eu não estava familiarizado com a sua história. Ele é um
personagem muito legal e conseguimos um ator como o Tom (Hardy), que conseguiu
algo especial. Ele se transforma”, elogiou o diretor, sobre o intérprete de seu
vilão – o ator recebeu o convite ainda durante as filmagens de “A Origem”.
Mas
os fãs não são os únicos a colocarem pressão sobre Nolan e sua equipe. A Warner
espera um retorno financeiro considerável, afinal estima-se que o orçamento da
produção é de estrondosos US$ 250 milhões. Tudo bem que os dois últimos filmes
de Batman já renderam US$ 1,4 bilhão em bilheteria mundial, mas vale lembrar
que o último filme de super-herói do estúdio, “Lanterna Verde”, foi um enorme
fiasco. Além disso, Batman também será comparado a outro grande concorrente:
“Os Vingadores”, filme da Marvel que reúne no mesmo time o Capitão América,
Homem de Ferro, Hulk, Thor, Gavião Arqueiro e Viúva Negra. A produção da equipe
de super-heróis chega aos cinemas americanos dois meses antes de “O Cavaleiro
das Trevas Ressurge”.
Christian
Bale, que anunciou estar aposentando o capuz do herói, garante estar mais
preocupado com o resultado artístico do que financeiro. “Em termos de
bilheteria, eu não sinto qualquer pressão”. “Mas eu sinto uma pressão criativa
e seria errado se eu não sentisse isso”.
O
cineasta tem consciência da responsabilidade que tem nas mãos e tenta usar o
cuidado e a vigilância dos fãs do personagem a seu favor. “Isso me lembra que é
uma verdadeira honra trabalhar em algo que significa muito para tantas
pessoas”, respondeu calmamente. E dá seu recado sobre o fim da saga: “Sempre
haverá controvérsia em relação às coisas que as pessoas vão discordar, mas
espero que elas apreciem o esforço de tentarmos fazer algo bom”.
A
forma como ele descreve a despedida do elenco, nas filmagens, chega a dar
calafrios. “O final foi muito emocional”, ele conta. “Conforme terminávamos de
filmar a trajetória dos personagens… Dizer adeus a Alfred, pela última vez, ao
Comissário Gordon e, eventualmente, com Christian, próximo ao final, dizer
adeus a Batman… foi muita responsabilidade”, destaca. “E com os novos
personagens também, encerrando as filmagens com Anne e os demais, me senti
tocado, devo confessar”.
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