
“Quis vir ao Brasil para abrir um diálogo com a América
do Sul, um mercado em expansão absurda. E também porque, quando eu encontrei o
Will.i.am, ele me disse ‘Você precisa ir ao Rio! Lá está acontecendo o que há
de maior criativamente na América do Sul’”, contou o astro. E comparou: “É como
Paris nos anos 1920, você sente no ar alguma coisa grande acontecendo!”
Exagero ou não, a verdade é que Downey Jr. nem chegou a
conhecer a cidade direito, já que quase não saiu do hotel em que ficou
hospedado, de domingo (8/1) até terça-feira (10/1), quando foi embora. Ou seja:
o astro dispensou as festas noturnas cariocas. “Se tivesse saído, provavelmente
nem teria comparecido a esta entrevista. Dizem que uma noitada por aqui dura
dois anos”, brincou, arrancando risos dos jornalistas.

Robert Downey Jr. surgiu em Hollywood no final dos anos
1980 em comédias adolescentes como “Mulher Nota Mil” (1985) e rapidamente
chamou a atenção dos produtores e dos críticos com seu papel no drama que
redefiniu a juventude dos anos 1980 no cinema, “Abaixo de Zero” (1987). Em
1992, ele estrelou “Chaplin”, no qual interpretava o mito do cinema Charles
Chaplin. O papel valeu sua primeira indicação ao Oscar e o que parecia ser o
início do auge de sua carreira na verdade acabou marcando o começo de um
declínio. Suas festinhas exageradas e as constantes visitas à polícia colocaram
o ator para escanteio. “Tive momentos realmente terríveis”, relembra.
Ele chegou a escrever uma autobiografia, na qual contaria
o que aprontou e o que passou, mas desistiu de lançá-la. “Devolvi o dinheiro à
editora, senão eu teria sempre que ouvir um jornalista dizer: ‘No seu livro,
você afirma que…’”, gargalhou. “Tenho histórias incríveis”, ele diz, num misto
de orgulho e arrependimento.
O visível bom-humor reflete seu atual estado de espírito:
aos 46 anos, longe das drogas e prestes a se tornar pai pela segunda vez,
Downey Jr. ressurgiu das cinzas ao interpretar dois ícones culturais: o
super-herói das histórias em quadrinhos Tony Stark/Homem de Ferro e o detetive
astuto Sherlock Holmes, criação literária de Arthur Conan Doyle (1859-1939).
“Nunca imaginei que ficaria marcado por esses personagens. Não sou tão ‘cool’
como eles”, comemorou.
Ele afirma que teve muita sorte ao ser convidado para
participar dos filmes, que renderam milhões em bilheteria e já se tornaram
franquias. Homem de Ferro retorna ainda esse ano em “Os Vingadores”, além de
ganhar um terceiro filme em 2013, enquanto a segunda aventura de Sherlock
Holmes, que estreou nesta sexta (13/1) no Brasil, já tem nova sequência em
desenvolvimento
Em “O Jogo de Sombras”, o detetive enfrenta finalmente
seu maior inimigo das páginas dos livros, o professor James Moriarty (Jared
Harris), um sujeito com uma mente tão brilhante quanto a de Holmes. O filme
mantém as características que fizeram sucesso no filme anterior (lançado em
2009 e que faturou meio bilhão de dólares pelo mundo): um Sherlock Holmes
irônico, muito inteligente e, para incômodo dos fãs dos antigos filmes do
personagem, um grande lutador.

A investigação com uma lupa mais uma vez dá lugar à ação
incessante, uma opção para atrair o público jovem, mas o ator acredita que essa
versão de Guy Ritchie (diretor do longa) seja até mais fiel à imaginada por
Conan Doyle. “Quando começamos a pesquisar sobre o filme, nos deparamos com
algumas interpretações equivocadas de outras produções de Sherlock”, disse. “O
personagem nunca usou capa ou fumou cachimbo. Isso foram detalhes acrescentados
nos anos 1940 e 50”.
Downey Jr. comentou também que foi sua ideia fazer Holmes
se vestir de mulher, em um dos momentos do novo filme que deve arrancar mais
gargalhadas do público. “Na cena do trem, Sherlock apareceria inicialmente como
padre, mas achei que as pessoas não iriam gostar muito. Então falei que ele
deveria estar vestido de mulher, como uma drag queen. O importante é mostrar
que em ‘O Jogo de Sombras’ nós temos diretor, produtores, atores e sempre a melhor
ideia ganhou.”
O ator aproveitou para comentar a amizade que construiu
com Jude Law, que interpreta o fiel amigo e assistente Dr. Watson. “Acho que
nós nos complementamos. E para um cara bonito, ele até é legal”, ironizou.
Downey Jr. também brincou sobre qual dos dois seria o mais sexy da dupla. “Jude
está solteiro, deve estar soltando mais feromônios do que eu, um homem fiel e
muito bem casado”, contemporizou, com o típico sorriso de Tony Stark.

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