Kermit e os Muppets estão de volta aos cinemas. Espere aí, “Kermit”? Pois é, se você o conhecia como “Caco, o Sapo”, é melhor ir se acostumando, pois o líder dos bonecos criados pelo mestre dos fantoches Jim Henson (1936-1990) foi rebatizado com o seu nome original americano para o lançamento do filme “Os Muppets” no Brasil, que acontece nesta sexta (2/12).
Caco… ou melhor, Kermit, Miss Piggy e cia. chegaram ao Brasil com a série “Vila Sésamo” nos anos 1970 e o nome do sapo marcou gerações. Para que a mudança de identidade ocorresse da forma mais natural possível, o próprio Kermit (na verdade, seu dublador e manipulador Steve Whitmire) veio ao país explicar a confusão. Segundo o próprio, quando um produtor brasileiro dos anos 1970 perguntou qual era seu nome, o anfíbio ficou nervoso e acabou tossindo. “Eu disse ‘cof, cof’ e ele entendeu Caco”, explica Kermit.
A explicação é oficial e será exibida num curta antes do filme, ainda que Miss Piggy, enciumada, tenha outra versão para esta história. Ela garante que o sapo usou o nome Caco só para azarar incógnito num carnaval carioca.
É claro que se trata de uma brincadeira e os motivos da mudança são bem diferentes. Há 40 anos, a estratégia das empresas era adotar nomes regionais, já que o mercado era fragmentado. Já hoje, no mundo conectado pela internet, é muito mais interessante ter uma marca única, facilitando a identidade e economizando custos sem a necessidade de adaptações nas embalagens dos produtos. É por isso, por exemplo, que o “Ursinho Puff” virou “Ursinho Pooh” e a fada “Sininho” (de “Peter Pan”) virou “Tinker Bell”. Para se ter uma ideia, Kermit é conhecido como “Cocas” em Portugal, “Gustavo” na Espanha e, em alguns países latinos, é chamado de “Rana René”.
Mas durante suas entrevistas para os jornalistas brasileiros, o querido sapo mostrou que não se incomoda se o chamarem por outro nome. “Podem me chamar de Caco, afinal é assim que sou conhecido aqui por uns 30 anos”.
Sim, foi o próprio sapo quem conversou com a imprensa e não seu manipulador, o ventríloquo Whitmire (responsável pelo boneco desde a morte de Henson, em 1990). E é impressionante como o personagem ganha vida, com movimentos naturais e até com cacoetes. Ele é simpaticíssimo e faz jornalistas adultos se sentirem criancinhas. Mas fica uma dúvida: e a nova geração, que cresceu assistindo a “Shrek” e às animações da Pixar, será que vai se interessar por bonecos de pano animados com a mão?
Kermit acredita que sim. “Acho que o fato de sermos reais e interagirmos, como atores de verdade, conta muitos pontos para nós. Isso não se consegue com um desenho”, disse. É claro que ele conta também com o apoio dos pais, que acompanharam os Muppets nos últimos 30 anos. “O que eu espero é que todos os nossos fãs mais velhos, que cresceram com a gente, agora nos apresentem aos seus filhos”, Kermit dá o recado.
E o retorno dos bonecos (o último longa-metragem foi em 1999, “Muppets do Espaço”) não é um fenômeno isolado: o potencial nostálgico de séries e personagens de décadas atrás tem rendido diversos filmes de sucesso, apelando tanto para o público adulto, quanto para as crianças, como os recentes regressos de “Smurfs” (que rendeu US$ 141 milhões) e de “Rei Leão 3D” (que surpreendeu com US$ 93 milhões arrecadados).
A Disney, que já é dona da Pixar e de parte da Marvel, adquiriu os direitos dos personagens de Jim Henson em 2004 e bolou uma estratégia de marketing viral em 2009, postando no YouTube um vídeo com os bonecos ao som da música “Bohemian Rhapsody”, do Queen. O resultado foi mais de 23 milhões de visualizações, o que estimulou novas brincadeiras que invadiram as redes sociais e, pouco a pouco, foram resgatando “Os Muppets” do limbo.
Por curiosidade, foi justamente o sumiço dos bonecos há mais de uma década o ponto de partida do roteiro elaborado por Jason Segel (“Ressaca de Amor”), um fã assumido dos Muppets. Na história, os personagens contam com a ajuda de Gary (Segel), sua namorada Mary (Amy Adams) e seu irmão Walter, ele próprio um boneco, para reconquistar o sucesso do público. A direção é de James Bobin, da série “Flight of the Conchords”.
O longa também conta com diversas participações especiais, como o vocalista Dave Grohl, da banda “Foo Fighters”, e o ator Jim Parsons – o físico Sheldon Cooper da série “The Big Bang Theory”. Mas Kermit assume que gostou mais foi de uma certa garota durante as filmagens. “Confesso que há um lugar especial no meu coraçãozinho de sapo para Rashida Jones (série ‘Parks and Recreation’). Se você der uma boa olhada nela, vai entender o porquê. Mas não diga isso para a Miss Piggy, no entanto.”
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