segunda-feira, 25 de julho de 2011

Francis Ford Coppola apresentou seu novo filme, Twixt

Na Comic-Con deste ano, cineasta divulgou produção inspirada nos contos góticos de Edgar Allan Poe


Vinte anos depois de lançar Drácula de Bram Stoker, o cineasta Francis Ford Coppola (O Poderoso Chefão, Apocalypse Now) voltou à Comic-Con neste final de semana para divulgar Twixt, sua nova produção, inspirada nos contos de Edgar Allan Poe (1809-1849).

“Sempre amei os romances góticos, as histórias de horror”, confessou Coppola a uma plateia de quase seis mil expectadores. Twixt é uma produção independente de baixo orçamento típica do começo da carreira do cineasta e traz no elenco estrelas em declínio, como Val Kilmer, e novos nomes, como Elle Fanning.

Na história, um escritor decadente (Kilmer) chega a um povoado e, após envolver-se no assassinato de uma garota, passa a receber a visita de um fantasma (Fanning). O diretor disse que teve a ideia a partir de um sonho que envolvia espíritos de garotas órfãs e o próprio escritor Edgar Allan Poe. “Tudo veio de um sonho. Poe apareceu e eu pedi: ‘Me mostre o caminho!’”.

E o caminho adotado por Coppola foi utilizar a técnica 3-D após conferir Avatar. No entanto, o cineasta disse não ter ficado completamente satisfeito com o resultado da produção de James Cameron, preferindo assistir certas cenas sem os óculos. “Algumas boas sequências deveriam ser em 3-D, mas não todas”, comentou.

Foi justamente o que Coppola propôs ao público: durante a apresentação de trechos de Twixt, os espectadores eram avisados sobre quando deveriam utilizar os óculos 3-D. Quer dizer, óculos, não, máscaras: cada pessoa da plateia recebeu uma máscara do rosto de Poe cujos olhos eram as lentes 3-D. “Oh meu Deus, 6.000 Edgar Allan Poes!”, brincou o diretor, também devidamente mascarado.

Esse clima de bom humor foi permanente durante todo o painel, inclusive quando o diretor tentou apresentar, sem sucesso, sua proposta experimental de editar e introduzir a trilha sonora automaticamente e ao vivo: a projeção apresentou falhas técnicas e foi interrompida. Coppola, Kilmer e o músico eletrônico Dan Deacon fizeram piada com a situação.

A ideia do diretor é, utilizando um software específico, realizar projeções ao vivo na qual Twixt tenha uma edição própria, com cenas deletadas ou incluídas aleatoriamente em cada sala. “Por que os filmes precisam ser enlatados? Sinto que há um desejo de que a vida deva voltar aos cinemas. Adoraria sair em turnê por um mês e realizar uma versão diferente do filme para cada público”.

“Ele está tentando capturar algo que é genuíno e emocionante sobre o entretenimento”, comentou Kilmer, amigo de longa data do diretor. O ator complementou com um velho clichê: “Nós vamos assistir a algo nunca visto antes”.

Mas as produções experimentais e independentes, que vêm fazendo parte dos projetos de Coppola há algum tempo, não são o único foco do diretor de 72 anos, que confessou estar trabalhando num roteiro para algo mais comercial. “Estou ficando velho e ainda há algumas coisas que quero expressar em um contexto um pouco maior.”

Questionado sobre a possibilidade de a família Corleone (da trilogia O Poderoso Chefão) voltar aos cinemas, devido à onda de remakes, reboots e “reimaginações” de Hollywood, o cineasta confessou não possuir qualquer direito sobre a obra, que pertence à Paramount – logo, o estúdio poderia fazer o que desejasse. E lamentou essas constantes repetições sobre os mesmos filmes já produzidos: “É uma pena. Todo esse dinheiro poderia ser investido em novas histórias”.

Twixt ainda não tem previsão de estreia.

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