Cineasta participou pela primeira vez de evento que mistura cinema e quadrinhos
Apesar de ser um dos maiores nomes da cultura pop, aconteceu apenas nesta sexta feira (22/07) a estreia do cineasta Steven Spielberg na Comic-Con – o maior evento de cinema, quadrinhos e TV do ocidente, realizado em San Diego (Estados Unidos).
Spielberg conversou com fãs e apresentou imagens inéditas de As Aventuras de Tintim: O Segredo do Licorne, longa-metragem realizado por meio de captura de movimentos e baseado no personagem criado pela artista belga Hergé na década de 1920.
“Conheci o personagem em 1981 a partir de uma resenha francesa que comparou meu filme com algo chamado Tintim. Não sabia o que era, então comprei um livro dele. Eu não leio francês, mas as ilustrações me fascinaram”, explicou o diretor, que foi ovacionado pelo público e recebeu o prêmio Inkpot Awards por sua colaboração na cultura pop ao longo da carreira.
É a primeira vez que o diretor trabalha com captura de movimentos, método utilizado em produções como O Expresso Polar e A Lenda de Beowulf, na qual as atuações dos atores são digitalizadas e transformadas em animações 3-D.
Foram apresentadas cenas já prontas do filme e, quando as luzes se acenderam novamente, o diretor Peter Jackson (produtor do longa) já estava sentado ao lado de Spielberg – o que foi uma surpresa, já que todos imaginavam que o neozelandês estaria em sua terra natal filmando O Hobbit.
Os dois cineastas se conheceram na festa do Oscar 2004 e decidiram trabalhar juntos desde então – e o diretor de clássicos como “E.T” e Jurassic Park não guardou elogios ao colega: “Depois de George Lucas, esta é a melhor colaboração que já tive. É como se estivesse trabalhando com um irmão, é muito fácil”. Jackson devolveu o elogio e comentou que ficou muito feliz quando, ainda em 1981, soube que Spielberg havia adquirido os direitos de Tintim, já que ele é fã do personagem desde que era criança.
A opção pela captura de movimentos chegou a incomodar alguns fãs quando a produção foi anunciada devido ao resultado final de algumas produções anteriores que utilizaram a técnica – apesar das belas imagens, os olhares e o movimento das bocas sempre pareciam artificiais. No entanto, o estúdio responsável pela animação é a Weta – que produziu Avatar – e Spielberg disse estar satisfeito com as possibilidades oferecidas pela tecnologia, que lhe permitiu posicionar e movimentar a câmera de um jeito que jamais aconteceria no mundo real.
Spielberg garante que a técnica ajuda, inclusive, a dar vida aos personagens da forma como eles haviam sido criados. “Queríamos que o filme se parecesse com os desenhos dos álbuns de Hergé. Queríamos homenageá-lo usando animação para chegar tão perto quanto podíamos dos personagens que ele inventou”.
Jamie Bell, que já havia trabalhado com Peter Jackson na refilmagem de King Kong, foi escolhido para viver o protagonista, e o diretor garante que a opção foi certeira. “Ele é de fato o Tintim e, conforme filmávamos, ele se tornava ainda mais o personagem”.
Sobre o elenco, Jackson complementou brincando: “E obviamente temos Andy Serkis, que aprendeu tudo comigo”, referindo-se ao ator que interpretou Gollum na trilogia O Senhor dos Anéis. Serkis, inclusive, apareceu de surpresa no evento, disfarçado de fã entre o público.
“As Aventuras de Tintim é uma história de detetive densa, um mistério de assassinato, mas também é muito engraçado quando precisa ser”, adiantou Spielberg, revelando uma preocupação em tornar familiar entre o público norte-americano o personagem de Hergé, muito conhecido entre os europeus.
O longa-metragem deve chegar aos cinemas brasileiros em novembro e traz, além Jamie Bell e Andy Serkis, a participação de Daniel Craig (o atual James Bond). Spielberg lembrou que, caso a continuação se confirme, os papéis serão invertidos: ele atuará como produtor e Jackson assumirá a direção.
Antes do encerramento, o cineasta ainda respondeu às perguntas dos fãs, como qual seria seu filme preferido de sua filmografia (a resposta foi E.T - O Extraterrestre) e confirmou: a quarta parte de Jurassic Park está em estágio avançado, com história pronta e roteirista contratado. “Deve ficar pronto nos próximos dois ou três anos”.
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