quinta-feira, 21 de julho de 2011

Loup – Uma Amizade Para Sempre - Crítica

Filme sobre amizade entre menino e lobos tem bela fotografia e roteiro fraco



Produzida em 2008, chega somente agora aos cinemas brasileiros Loup – Uma Amizade Para Sempre, filme que, como deixa claro o típico subtítulo de “seção da tarde”, aborda a história de amizade entre um rapaz e um grupo de animais – no caso, lobos. No entanto, apesar do tema, não é um filme infantil.

O francês Nicolas Vanier levou sua experiência do mundo dos documentários para filmar a aventura de Sergeï (Nicolas Brioudes), um jovem de uma tribo nômade criadora de renas nas montanhas geladas da Sibéria.

Após a “aposentadoria” do ancião do grupo, o honroso cargo de protetor do rebanho passa para Sergeï. A função exige um isolamento da tribo por um determinado período já que é preciso levar as renas para outra região, em busca de novas pastagens.

Mas sua principal missão é proteger o rebanho dos ataques dos lobos, caçadores de cervos e inimigos mortais dos homens naquele território há séculos, como fica claro já no prólogo.

Porém, o garoto encontra uma loba com uma ninhada de filhotes próximo de seu acampamento e, em vez de cumprir o ritual e executar os predadores, fica com dó e, pior, começa a se afeiçoar aos animais, inclusive dando nome a cada um dos lobinhos.

Loup oferece aos espectadores belíssimas imagens e a possibilidade de contemplar incríveis paisagens intocadas pelo homem – a cena das renas subindo a montanha de gelo é mágica. Mas fica claro que a impressionante fotografia serve para preencher o roteiro simples (escrito pelo próprio diretor e por Ariane Fert).

Apesar do carisma de Brioudes e da atriz Pom Klementieff, que interpreta a namorada do protagonista, o filme ignora os coadjuvantes, transformando personagens que interferem na trama em simples clichês – caso do irmão invejoso, por exemplo.

O longa também desliza no terceiro ato, quando a narrativa fica enrolada justamente quando acontece o dilema: sacrificar os lobos, que agora cresceram e se tornaram uma ameaça real ao grande patrimônio da tribo, ou enfrentar seu pai e os demais integrantes do clã?

É curioso ver que Vanier não explorou essa situação, não questionou os valores das tradições de um povo que vive isolado. Afinal o que o garoto faz é propor uma nova relação entre homens e lobos, uma “evolução”, como sugere sua mãe, ao conversar com o marido e líder do grupo. Este responde que foi a tradição de séculos que fez o clã sobreviver até os dias de hoje. Um clã que utiliza binóculos e faz uso do rifle como símbolo de proteção da tribo.

 É a onipresente hipocrisia humana, esteja ele num arranha-céu de uma metrópole ou isolado nas montanhas congeladas da Sibéria.


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