quinta-feira, 28 de julho de 2011

CAPITÃO AMÉRICA - O PRIMEIRO VINGADOR --Crítica

"Capitão América" equilibra reinvenção e o legado da Marvel


Três países – Coreia do Sul, Rússia e Ucrânia – optaram por adotar apenas o subtítulo da nova produção da Marvel, Capitão América – O Primeiro Vingador (meses atrás, cogitava-se que mais países fariam o mesmo).

Pode parecer bobeira, mas não é. Enquanto outros personagens de histórias em quadrinhos carregam de forma mais sutil símbolos da ideologia americana e seu way of life (como as cores dos uniformes do Homem-Aranha, do Superman e da Mulher Maravilha, por exemplo), não há segredos em Capitão América: ele é o super-herói que veste literalmente a bandeira americana e, na capa de sua primeira edição, em 1941, aparece socando Hitler – meses antes de os Estados Unidos entrarem oficialmente na Segunda Guerra Mundial.

No entanto, a América de hoje não é mais a mesma e o império mostra-se claramente em declínio. Há um sentimento antiamericano pelo mundo, que não deve melhorar com o estouro da crise financeira que está afetando toda a economia global e com os resultados das duas guerras que trava atualmente, cujos motivos e legitimidade sempre foram questionados.

E isto se reflete, sim, no cuidado que a Marvel teve com a produção do novo filme do “Sentinela da Liberdade”, afinal o resultado poderia se refletir no seu projeto mais ambicioso: o longa metragem dos Vingadores – a equipe de super-heróis que traz, além do Capitão, Homem de Ferro, Hulk, Thor e outros personagens menores.

E Capitão América – O Primeiro Vingador é um belo filme, apesar da insegurança que causava o nome do diretor Joe Johnston, cujo último trabalho foi o péssimo O Lobisomem. Aqui, o cineasta foi esperto e adotou fórmulas consagradas: o clima leve de Indiana Jones (Johnston foi o responsável pelos efeitos visuais de Os Caçadores da Arca Perdida), um charmoso visual retrô futurista e a já batida, porém eficiente, ideia das ligações nazistas com a magia.

A opção do estúdio em contar de forma relativamente fiel a origem do herói foi acertada, afinal se o inimigo é nazista, já é meio caminho andado. Durante a II Guerra Mundial, Steve Rogers (Chris Evans) tenta insistentemente ser convocado para o exército, porém seu porte físico quase infantil torna-se uma barreira para seu sonho de servir a pátria. O cientista alemão Dr. Erskine (Stanley Tucci) vê no rapaz o espírito necessário para o projeto “Supersoldado”, um programa militar secreto criado em parceria com o cientista Howard Stark (Dominic Cooper), futuro pai do Homem de Ferro.

De magrelo a bombado em poucos minutos, Rogers transforma-se no Capitão América, uma jogada de marketing para angariar fundos para a guerra e motivar soldados. Mas o sujeito percebe que pode contribuir mais para o país indo à campo, principalmente depois de descobrir que Hitler não é o principal inimigo e sim o Caveira Vermelha (Hugo Weaving), um líder nazista que tem propósitos mais radicais que o próprio Führer.

Chris Evans está muito bem no papel, principalmente no primeiro ato, quando ainda é um sujeito franzino – o efeito especial que diminuiu seu corpo, aliás, está ótimo e não incomoda. Seu Capitão América tem personalidade própria e não deixa lembranças do Tocha-Humana, outro super-herói interpretado por Evans, no longa-metragem do Quarteto Fantástico.

Tommy Lee Jones está apagado como o coronel Chester Phillips, aparecendo apenas como alívio cômico. Hayley Atwell, que deve entrar agora no grupo das novas estrelas de Hollywood, dá charme à militar Peggy Carter, par romântico do herói. Charme, aliás, é o que falta a Cooper, que, ao tentar criar um estilo Stark, não consegue fugir da sombra de Robert Downey Jr. Mas, interessante mesmo, é ver que Hugo Weaving fica melhor como Caveira Vermelha do que como Johann Schmidt, talvez porque seu rosto tenha ficado muito marcado após a participação em duas trilogias clássicas, porém modernas: Matrix e O Senhor dos Anéis.

O roteiro, apesar de quadrado, respeita o tempo de transformação de Rogers em Capitão América, sem pressa para colocar o herói uniformizado em ação – uma regra que já foi aprendida desde a retomada das HQs no cinema. É divertido ver como a Marvel está criando um universo próprio com seus filmes, permitindo a intertextualidade entre as obras: há referências diretas aos longas do Homem de Ferro, Thor e Hulk.

As cenas de ação estão boas e, se há um excesso de câmera lenta, não se deve apenas à herança de 300, mas também remete à própria linguagem de uma HQ, com suas imagens estáticas. E claro, também tem a confiança no visual do uniforme do Capitão América, que ficou ótimo como uma roupa funcional inspirada nas vestimentas de paraquedismo (é uma pena que a Marvel já mostrou que, para o filme dos Vingadores, o uniforme do herói já foi modificado e está mais próximo da fantasia usada nas histórias em quadrinhos).

Mas é interessante notar como o patriotismo ficou moderado nesse Capitão América – em qualquer filme do Michael Bay a sensação é muito mais explícita. Na verdade, ver o uniforme surrado e o escudo riscado por balas dá margem a interpretações mais irônicas sobre a atual situação dos Estados Unidos.

Agora que todos os personagens foram apresentados ao longo de quatro filmes, resta esperar 2012 para conferir se os super-heróis funcionam todos num mesmo filme. Que venham os Vingadores.



Clique aqui para conhecer as outras versões cinematográficas do Capitão América.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Novo filme do Motoqueiro Fantasma será mais dark, promete Nicolas Cage


Carreira do anti-heroi recomeça, ignorando o filme anterior

Depois do fracasso de público e crítica de Motoqueiro Fantasma, adaptação do personagem em quadrinhos realizada em 2007, a Columbia Pictures aproveitou seu painel na Comic-Con para deixar claro que Spirit of Vengeance terá um estilo completamente diferente, mais fiel à HQ.

Ao menos foi o que garantiram os diretores Brian Taylor e Mark Neveldine. “O primeiro filme foi uma versão ‘Walt Disney’, já o nosso é mais dark e intenso. E Blaze é um pesadelo, ele é mais vilão do que herói. O seu superpoder é sugar a alma”, provocou Taylor.

O astro Nicolas Cage, que repete o papel de Johnny Blaze/ Motoqueiro Fantasma, concorda com a mudança de tom proposta pelos diretores. “Eu queria ir nessa direção mais assustadora, queria abraçar o aspecto pesadelo do personagem. Numa época em que estamos fazendo filmes de quadrinhos o tempo todo, você precisa ter ‘bad boys’. Estou feliz de poder fazer o filme com esses caras.”

Taylor dá uma ideia do que os fãs podem esperar do novo visual do Motoqueiro Fantasma: “Quando virem a aparência de Cage, vocês perceberão na hora que se trata de um mundo totalmente diferente, literalmente. Suas roupas e sua moto não parecem ter sido criadas por designers fashion. Parece que ele saiu do inferno”.

Nicolas Cage contou que buscou novas referências para sua interpretação, inclusive experimentando movimentos animalescos, como o de cobras, para parecer mais ameaçador. “Na primeira vez que Nic apareceu no set como o Motoqueiro Fantasma, ele estava tão silencioso que assustou a todos. As pessoas comentavam ‘Ele está estranho’”, divertiu-se Taylor.

Além de um novo visual, os diretores sabiam que o novo filme precisava ter cenas de ação dignas do personagem. Então a dupla (responsável por longas como Adrenalina e Gamer) apresentou, além do esperado trailer, um vídeo com cenas dos bastidores e detalhes das filmagens. Nas imagens, é possível ver que os próprios diretores operavam as câmeras nas sequências de ação, seja seguindo as motos sobre patins, pendurados em cabos de aço ou até pulando de prédios.

Neveldine contou que incitou a equipe de dublês com uma estranha promessa: as tomadas nas quais eles se machucarem entrarão na edição. Taylor provocou: “Vocês verão ossos de verdade serem quebrados no filme”.

Neste novo longa-metragem, Johnny Blaze está escondido no leste europeu tentado descobrir como controlar sua maldição. O Motoqueiro Fantasma terá de enfrentar o próprio diabo, que pretende encarnar no corpo de uma criança. Além de Cage, estão no elenco Christopher Lambert, Idris ElbaJohnny Whitworth e Violante Placido.

A estreia está prevista para fevereiro de 2012.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Francis Ford Coppola apresentou seu novo filme, Twixt

Na Comic-Con deste ano, cineasta divulgou produção inspirada nos contos góticos de Edgar Allan Poe


Vinte anos depois de lançar Drácula de Bram Stoker, o cineasta Francis Ford Coppola (O Poderoso Chefão, Apocalypse Now) voltou à Comic-Con neste final de semana para divulgar Twixt, sua nova produção, inspirada nos contos de Edgar Allan Poe (1809-1849).

“Sempre amei os romances góticos, as histórias de horror”, confessou Coppola a uma plateia de quase seis mil expectadores. Twixt é uma produção independente de baixo orçamento típica do começo da carreira do cineasta e traz no elenco estrelas em declínio, como Val Kilmer, e novos nomes, como Elle Fanning.

Na história, um escritor decadente (Kilmer) chega a um povoado e, após envolver-se no assassinato de uma garota, passa a receber a visita de um fantasma (Fanning). O diretor disse que teve a ideia a partir de um sonho que envolvia espíritos de garotas órfãs e o próprio escritor Edgar Allan Poe. “Tudo veio de um sonho. Poe apareceu e eu pedi: ‘Me mostre o caminho!’”.

E o caminho adotado por Coppola foi utilizar a técnica 3-D após conferir Avatar. No entanto, o cineasta disse não ter ficado completamente satisfeito com o resultado da produção de James Cameron, preferindo assistir certas cenas sem os óculos. “Algumas boas sequências deveriam ser em 3-D, mas não todas”, comentou.

Foi justamente o que Coppola propôs ao público: durante a apresentação de trechos de Twixt, os espectadores eram avisados sobre quando deveriam utilizar os óculos 3-D. Quer dizer, óculos, não, máscaras: cada pessoa da plateia recebeu uma máscara do rosto de Poe cujos olhos eram as lentes 3-D. “Oh meu Deus, 6.000 Edgar Allan Poes!”, brincou o diretor, também devidamente mascarado.

Esse clima de bom humor foi permanente durante todo o painel, inclusive quando o diretor tentou apresentar, sem sucesso, sua proposta experimental de editar e introduzir a trilha sonora automaticamente e ao vivo: a projeção apresentou falhas técnicas e foi interrompida. Coppola, Kilmer e o músico eletrônico Dan Deacon fizeram piada com a situação.

A ideia do diretor é, utilizando um software específico, realizar projeções ao vivo na qual Twixt tenha uma edição própria, com cenas deletadas ou incluídas aleatoriamente em cada sala. “Por que os filmes precisam ser enlatados? Sinto que há um desejo de que a vida deva voltar aos cinemas. Adoraria sair em turnê por um mês e realizar uma versão diferente do filme para cada público”.

“Ele está tentando capturar algo que é genuíno e emocionante sobre o entretenimento”, comentou Kilmer, amigo de longa data do diretor. O ator complementou com um velho clichê: “Nós vamos assistir a algo nunca visto antes”.

Mas as produções experimentais e independentes, que vêm fazendo parte dos projetos de Coppola há algum tempo, não são o único foco do diretor de 72 anos, que confessou estar trabalhando num roteiro para algo mais comercial. “Estou ficando velho e ainda há algumas coisas que quero expressar em um contexto um pouco maior.”

Questionado sobre a possibilidade de a família Corleone (da trilogia O Poderoso Chefão) voltar aos cinemas, devido à onda de remakes, reboots e “reimaginações” de Hollywood, o cineasta confessou não possuir qualquer direito sobre a obra, que pertence à Paramount – logo, o estúdio poderia fazer o que desejasse. E lamentou essas constantes repetições sobre os mesmos filmes já produzidos: “É uma pena. Todo esse dinheiro poderia ser investido em novas histórias”.

Twixt ainda não tem previsão de estreia.

VEJO VOCÊ NO PRÓXIMO VERÃO - CRÍTICA

Filme marca a estreia de Philip Seymour Hoffman na direção


Uma estrangeira faz perguntas tolas ao motorista Jack, interpretado por Philip Seymour Hoffman – ela desculpa-se e explica que está treinando o seu inglês. Logo depois, o rapaz para o carro para conversar com o companheiro de trabalho Clyde (John Ortiz): na verdade, nem é bem uma conversa já que Jack não consegue se expressar muito bem, nem com o melhor amigo.

No pouco que é dito, descobrimos que o motorista de limosines adora reggae, apesar de não entender muito bem algumas palavras do inglês jamaicano. Por fim, quando realiza seu primeiro encontro romântico em anos, Jack não consegue desenvolver uma conversa, respondendo apenas a “sim” ou “não” ou simplesmente repetindo as mesmas frases ditas pela moça (Amy Ryan).

Como se vê, Vejo Você No Próximo Verão (Jack Goes Boating) trata da incomunicabilidade das pessoas nos dias de hoje, ainda que ouvimos a todo momento que, no mundo moderno, “estamos todos conectados”.

 É uma bela estreia de Hoffman na direção, baseado numa peça teatral de Robert Glaudini (que também adaptou o roteiro). Na história, Jack é um sujeito tímido, fechado, cuja rede de relacionamentos engloba apenas três pessoas: seu tio e patrão (Richard Petrocelli) e o casal Clyde     e Lucy (Daphne Rubin-Vega). Os amigos decidem marcar um jantar para tentar promover o relacionamento entre Jack e Connie (Amy), uma mulher tão cheia de neuroses e travas emocionais quanto o rapaz.

Nos poucos momentos em que conseguem realizar algum esboço de diálogo, Jack descobre que terá que aprender a cozinhar e a nadar para agradar Connie. Na verdade, apesar de relativamente simples, o ato de aprender novas atividades simbolizará a grande mudança do personagem que, pela primeira vez, começa a direcionar a própria vida e não apenas ser levado por ela.

Vejo Você No Próximo Verão é um filme de sutilezas e interpretações e afundaria não fosse o ótimo elenco, afinal o roteiro acompanha inteiramente a trajetória vivida pelos dois casais. O carisma de John Ortiz é magnético e Hoffman, como sempre mostrou ao longo da carreira, é livre de qualquer vaidade: aqui, ele está gordo e feio.

O diretor também compõem interessantes enquadramentos e belas imagens, principalmente nas cenas da piscina – e é coerente ao mostrar uma Nova York fria, suja e pouco acolhedora, diferente da cidade romanceada em outras projeções.

São belas, também, as imagens em que Jack aparece imaginando situações: ele sendo um ótimo nadador, cozinhando perfeitamente, passeando de barco com Connie... O casal de amigos Clyde e Lucy também fogem da realidade, não fantasiando coisas, mas com o uso de maconha e haxixe. Porém, quando a imaginação (ou o efeito das drogas) acabar, será preciso enfrentar a realidade e os problemas escondidos debaixo do carpete.

Guillermo del Toro anuncia filme de monstros e robôs gigantes

Na Comic-Con, cineasta mexicano apresentou Pacific Rim e cogitou Hellboy 3



Guillermo del Toro, diretor de Hellboy e O Labirinto do Fauno, esteve presente na Comic-Con para divulgar seu próximo filme, uma ficção apocalíptica chamada Pacific Rim, que só deve estrear em 2013. Ao lado de Ron Perlman, ele também cogitou a possibilidade de concluir a trilogia de Hellboy.

 “O terceiro é o mais difícil porque é o mais escuro. Ele é épico e gigantesco”, comentou para os milhares de fãs, no entanto sem dar pistas se de fato o filme pode acontecer.

Perlman, que interpreta o próprio protagonista da adaptação da HQ criada por Mike Mignola, concorda com del Toro, mas mostrou grande interesse na conclusão da saga do herói demônio: Hellboy 2 foi difícil. Me perguntei se queria mesmo revisitá-lo, mas, olhando de uma forma objetiva, há coisas não resolvidas e deixaríamos na mão as pessoas que investiram nos dois primeiros filmes.”

Se Hellboy 3 está travado, Pacific Rim, um filme de monstros e robôs gigantes, está em fase de pré-produção. Apesar de ainda não poder revelar detalhes sobre o longa, del Toro adiantou que a história se trata de uma guerra entre humanos e descomunais seres saídos dos oceanos.

E prometeu: “É meu dever entregar os maiores monstros do cinema. E é meu dever entregar os maiores robôs do cinema!”. O anúncio foi feito no painel da Legendary Pictures, e o diretor mexicano não guardou elogios ao estúdio: “É um milagre encontrar uma empresa que tem a energia, a ambição, e os culhões para fazer filmes do jeito que queremos fazê-los”.

Também estiveram presentes os atores Charlie Hunnam, Idris Elba e Charlie Day, mas Del Toro fez questão de lembrar: “Parte do elenco não pôde estar presente simplesmente porque eles não caberiam: são os monstros e os robôs!”.

No dia anterior, o diretor também havia estado presente no megaevento que acontece anualmente em San Diego, desta vez para divulgar Não Tenha Medo do Escuro (Don’t Be Afraid of the Dark), longa-metragem de terror roteirizado e produzido pelo próprio del Toro. No elenco, estão presentes Guy Pearce (Amnésia), Katie Holmes (Batman Begins) e Bailee Madison (Esposa de Mentirinha) e a história fala sobre uma família que passa a ser atormentada por fantasmas após se mudaram para uma antiga casa.

Spielberg apresentou imagens de Tintim na Comic-Con


Cineasta participou pela primeira vez de evento que mistura cinema e quadrinhos 


Apesar de ser um dos maiores nomes da cultura pop, aconteceu apenas nesta sexta feira (22/07) a estreia do cineasta Steven Spielberg na Comic-Con – o maior evento de cinema, quadrinhos e TV do ocidente, realizado em San Diego (Estados Unidos).

Spielberg conversou com fãs e apresentou imagens inéditas de As Aventuras de Tintim: O Segredo do Licorne, longa-metragem realizado por meio de captura de movimentos e baseado no personagem criado pela artista belga Hergé na década de 1920.

“Conheci o personagem em 1981 a partir de uma resenha francesa que comparou meu filme com algo chamado Tintim. Não sabia o que era, então comprei um livro dele. Eu não leio francês, mas as ilustrações me fascinaram”, explicou o diretor, que foi ovacionado pelo público e recebeu o prêmio Inkpot Awards por sua colaboração na cultura pop ao longo da carreira.

É a primeira vez que o diretor trabalha com captura de movimentos, método utilizado em produções como O Expresso Polar e A Lenda de Beowulf, na qual as atuações dos atores são digitalizadas e transformadas em animações 3-D.

Foram apresentadas cenas já prontas do filme e, quando as luzes se acenderam novamente, o diretor Peter Jackson (produtor do longa) já estava sentado ao lado de Spielberg – o que foi uma surpresa, já que todos imaginavam que o neozelandês estaria em sua terra natal filmando O Hobbit.

Os dois cineastas se conheceram na festa do Oscar 2004 e decidiram trabalhar juntos desde então – e o diretor de clássicos como “E.T” e Jurassic Park não guardou elogios ao colega: “Depois de George Lucas, esta é a melhor colaboração que já tive. É como se estivesse trabalhando com um irmão, é muito fácil”. Jackson devolveu o elogio e comentou que ficou muito feliz quando, ainda em 1981, soube que Spielberg havia adquirido os direitos de Tintim, já que ele é fã do personagem desde que era criança.

A opção pela captura de movimentos chegou a incomodar alguns fãs quando a produção foi anunciada devido ao resultado final de algumas produções anteriores que utilizaram a técnica – apesar das belas imagens, os olhares e o movimento das bocas sempre pareciam artificiais. No entanto, o estúdio responsável pela animação é a Weta – que produziu Avatar – e Spielberg disse estar satisfeito com as possibilidades oferecidas pela tecnologia, que lhe permitiu posicionar e movimentar a câmera de um jeito que jamais aconteceria no mundo real.

Spielberg garante que a técnica ajuda, inclusive, a dar vida aos personagens da forma como eles haviam sido criados. “Queríamos que o filme se parecesse com os desenhos dos álbuns de Hergé. Queríamos homenageá-lo usando animação para chegar tão perto quanto podíamos dos personagens que ele inventou”.

Jamie Bell, que já havia trabalhado com Peter Jackson na refilmagem de King Kong, foi escolhido para viver o protagonista, e o diretor garante que a opção foi certeira. “Ele é de fato o Tintim e, conforme filmávamos, ele se tornava ainda mais o personagem”.

Sobre o elenco, Jackson complementou brincando: “E obviamente temos Andy Serkis, que aprendeu tudo comigo”, referindo-se ao ator que interpretou Gollum na trilogia O Senhor dos Anéis. Serkis, inclusive, apareceu de surpresa no evento, disfarçado de fã entre o público.

As Aventuras de Tintim é uma história de detetive densa, um mistério de assassinato, mas também é muito engraçado quando precisa ser”, adiantou Spielberg, revelando uma preocupação em tornar familiar entre o público norte-americano o personagem de Hergé, muito conhecido entre os europeus.

O longa-metragem deve chegar aos cinemas brasileiros em novembro e traz, além Jamie Bell e Andy Serkis, a participação de Daniel Craig (o atual James Bond). Spielberg lembrou que, caso a continuação se confirme, os papéis serão invertidos: ele atuará como produtor e Jackson assumirá a direção.

Antes do encerramento, o cineasta ainda respondeu às perguntas dos fãs, como qual seria seu filme preferido de sua filmografia (a resposta foi E.T - O Extraterrestre) e confirmou: a quarta parte de Jurassic Park está em estágio avançado, com história pronta e roteirista contratado. “Deve ficar pronto nos próximos dois ou três anos”.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Loup – Uma Amizade Para Sempre - Crítica

Filme sobre amizade entre menino e lobos tem bela fotografia e roteiro fraco



Produzida em 2008, chega somente agora aos cinemas brasileiros Loup – Uma Amizade Para Sempre, filme que, como deixa claro o típico subtítulo de “seção da tarde”, aborda a história de amizade entre um rapaz e um grupo de animais – no caso, lobos. No entanto, apesar do tema, não é um filme infantil.

O francês Nicolas Vanier levou sua experiência do mundo dos documentários para filmar a aventura de Sergeï (Nicolas Brioudes), um jovem de uma tribo nômade criadora de renas nas montanhas geladas da Sibéria.

Após a “aposentadoria” do ancião do grupo, o honroso cargo de protetor do rebanho passa para Sergeï. A função exige um isolamento da tribo por um determinado período já que é preciso levar as renas para outra região, em busca de novas pastagens.

Mas sua principal missão é proteger o rebanho dos ataques dos lobos, caçadores de cervos e inimigos mortais dos homens naquele território há séculos, como fica claro já no prólogo.

Porém, o garoto encontra uma loba com uma ninhada de filhotes próximo de seu acampamento e, em vez de cumprir o ritual e executar os predadores, fica com dó e, pior, começa a se afeiçoar aos animais, inclusive dando nome a cada um dos lobinhos.

Loup oferece aos espectadores belíssimas imagens e a possibilidade de contemplar incríveis paisagens intocadas pelo homem – a cena das renas subindo a montanha de gelo é mágica. Mas fica claro que a impressionante fotografia serve para preencher o roteiro simples (escrito pelo próprio diretor e por Ariane Fert).

Apesar do carisma de Brioudes e da atriz Pom Klementieff, que interpreta a namorada do protagonista, o filme ignora os coadjuvantes, transformando personagens que interferem na trama em simples clichês – caso do irmão invejoso, por exemplo.

O longa também desliza no terceiro ato, quando a narrativa fica enrolada justamente quando acontece o dilema: sacrificar os lobos, que agora cresceram e se tornaram uma ameaça real ao grande patrimônio da tribo, ou enfrentar seu pai e os demais integrantes do clã?

É curioso ver que Vanier não explorou essa situação, não questionou os valores das tradições de um povo que vive isolado. Afinal o que o garoto faz é propor uma nova relação entre homens e lobos, uma “evolução”, como sugere sua mãe, ao conversar com o marido e líder do grupo. Este responde que foi a tradição de séculos que fez o clã sobreviver até os dias de hoje. Um clã que utiliza binóculos e faz uso do rifle como símbolo de proteção da tribo.

 É a onipresente hipocrisia humana, esteja ele num arranha-céu de uma metrópole ou isolado nas montanhas congeladas da Sibéria.


terça-feira, 12 de julho de 2011

THE DARK KNIGHT RISES - PÔSTER


A Warner acaba de divulgar o primeiro pôster de The Dark Knight Rises, filme que fecha a trilogia de Batman sob a batuta de Christopher Nolan (Amnésia, O Grande Truque, A Origem).

O teaser trailer será lançado nas sessões de Harry Potter e as Relíquias da Morte - parte 2. Se já tivemos um pequeno vislumbre de como será o vilão Bane (interpretado por Tom Hardy), por enquanto nada do uniforme da Mulher-Gato de Anne Hathaway.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

CORAÇÕES PERDIDOS - CRÍTICA

Corações Perdidos traz Kristen Stewart como prostituta
           
A morte deve ser o maior tabu da sociedade ocidental – talvez maior até do que o sexo. Entender e aceitar a limitação da vida é algo quase fora de cogitação, sendo preferível ignorá-la. Mas quando ela chega e nos leva o que é mais precioso – pais ou filhos – podemos ser acometidos por outro sentimento: o da culpa.

É a culpa que move o casal Riley do título original de Corações Perdidos (Welcome to the Rileys). Após a morte da filha adolescente, Lois (Melissa Leo, vencedora do Oscar 2011 por O Vencedor) nunca mais saiu de casa, nem para pegar o jornal na rua. Doug Riley (James Gandolfini, protagonista da série televisiva Família Soprano) afastou-se da esposa e busca pequenos momentos de prazer no pôquer e com uma amante fixa.

Mas a morte ronda mais uma vez a vida de Doug – sua amante também morre repentinamente –, lembrando-o de que ele continua vivo e que precisa sentir isso, efetivamente. Uma convenção de negócios na distante Nova Orleans é a oportunidade para o sujeito buscar novos ares e enxergar sua condição por uma outra ótica. Durante um descanso num bar de quinta categoria, ele conhece uma jovem stripper (Kristen Stewart, da Saga Crepúsculo) que se prostitui para ganhar alguns dólares a mais.

 E é esse relacionamento entre um pai sem filha e uma filha sem pai que move o segundo longa-metragem de Jake Scott (de Os Saqueadores), filho do cineasta Ridley Scott (Gladiador). E o jovem diretor mostra que pode ter uma boa carreira no cinema. Corações Perdidos é um filme delicado, que procura desenvolver seus personagens sem pressa, utilizando-se inclusive de nuances. O belo lar dos Rileys mais parece um mausoléu, e a interpretação de Melissa Leo a aproxima de um zumbi, uma morta-viva. A residência é de uma assepsia exagerada e suas paredes têm um tom azulado quase congelante, opondo-se diretamente à imunda e decadente casa da prostituta Mallory, com iluminação mais quente e viva.

É curioso, também, ver o contraste físico e psicológico entre Gandolfini e Kristen: ele é enorme, e de uma doçura proporcional, enquanto ela é pequena e magra, mas agressiva e ignorante - Kristen foi premiada como Melhor Atriz no Festival de Milão. Essas dualidades vão transformando os personagens, que procuram redenção e um pouco de felicidade diante do caos que tomou suas vidas. É importante observar que a história se passa em Nova Orleans (a cidade que ficou submersa e destruída após o furacão Katrina e foi negligenciada pelo governo Bush) em 2009, quando os Estados Unidos estavam sentindo na pele a crise financeira mundial. É o lugar e o momento ideais para personagens (ou uma nação?) refletirem os caminhos que percorreram e quais devem ser seguidos daqui para frente.