sábado, 10 de março de 2012

Robert Downey Jr. e suas novas aventuras


Robert Downey Jr. conversou com a imprensa brasileira em um dos salões do hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro nesta semana, numa viagem feita para promover a estreia de “Sherlock Holmes: O Jogo de Sombras”. E confessou que topou o passeio justamente para conhecer a Cidade Maravilhosa, animado por elogios feitos pelo músico Will.i.am, do Black Eyed Peas – que esteve na capital carioca para realizar shows e divulgar a animação “Rio”.

“Quis vir ao Brasil para abrir um diálogo com a América do Sul, um mercado em expansão absurda. E também porque, quando eu encontrei o Will.i.am, ele me disse ‘Você precisa ir ao Rio! Lá está acontecendo o que há de maior criativamente na América do Sul’”, contou o astro. E comparou: “É como Paris nos anos 1920, você sente no ar alguma coisa grande acontecendo!”
 
Exagero ou não, a verdade é que Downey Jr. nem chegou a conhecer a cidade direito, já que quase não saiu do hotel em que ficou hospedado, de domingo (8/1) até terça-feira (10/1), quando foi embora. Ou seja: o astro dispensou as festas noturnas cariocas. “Se tivesse saído, provavelmente nem teria comparecido a esta entrevista. Dizem que uma noitada por aqui dura dois anos”, brincou, arrancando risos dos jornalistas.

Mas o ator estava falando sério. “A parte da minha alma que estaria animada para sair por aí está silenciada. Quando costumava deixar-me contaminar pelo prazer em viagens de negócio, estes últimos sempre acabavam cancelados”, explicou, lembrando da fase em que quase jogou sua carreira no ralo devido ao excesso com álcool e drogas, pouco mais de uma década atrás.

Robert Downey Jr. surgiu em Hollywood no final dos anos 1980 em comédias adolescentes como “Mulher Nota Mil” (1985) e rapidamente chamou a atenção dos produtores e dos críticos com seu papel no drama que redefiniu a juventude dos anos 1980 no cinema, “Abaixo de Zero” (1987). Em 1992, ele estrelou “Chaplin”, no qual interpretava o mito do cinema Charles Chaplin. O papel valeu sua primeira indicação ao Oscar e o que parecia ser o início do auge de sua carreira na verdade acabou marcando o começo de um declínio. Suas festinhas exageradas e as constantes visitas à polícia colocaram o ator para escanteio. “Tive momentos realmente terríveis”, relembra.

Ele chegou a escrever uma autobiografia, na qual contaria o que aprontou e o que passou, mas desistiu de lançá-la. “Devolvi o dinheiro à editora, senão eu teria sempre que ouvir um jornalista dizer: ‘No seu livro, você afirma que…’”, gargalhou. “Tenho histórias incríveis”, ele diz, num misto de orgulho e arrependimento.

O visível bom-humor reflete seu atual estado de espírito: aos 46 anos, longe das drogas e prestes a se tornar pai pela segunda vez, Downey Jr. ressurgiu das cinzas ao interpretar dois ícones culturais: o super-herói das histórias em quadrinhos Tony Stark/Homem de Ferro e o detetive astuto Sherlock Holmes, criação literária de Arthur Conan Doyle (1859-1939). “Nunca imaginei que ficaria marcado por esses personagens. Não sou tão ‘cool’ como eles”, comemorou.

Ele afirma que teve muita sorte ao ser convidado para participar dos filmes, que renderam milhões em bilheteria e já se tornaram franquias. Homem de Ferro retorna ainda esse ano em “Os Vingadores”, além de ganhar um terceiro filme em 2013, enquanto a segunda aventura de Sherlock Holmes, que estreou nesta sexta (13/1) no Brasil, já tem nova sequência em desenvolvimento

Em “O Jogo de Sombras”, o detetive enfrenta finalmente seu maior inimigo das páginas dos livros, o professor James Moriarty (Jared Harris), um sujeito com uma mente tão brilhante quanto a de Holmes. O filme mantém as características que fizeram sucesso no filme anterior (lançado em 2009 e que faturou meio bilhão de dólares pelo mundo): um Sherlock Holmes irônico, muito inteligente e, para incômodo dos fãs dos antigos filmes do personagem, um grande lutador.

“Conan Doyle o descreveu como um boxeador, um esgrimista e um mestre de baritsu. Então, tudo o que fizemos foi pegar essas descrições e usá-las. Todo mundo já conhecia as outras habilidades de Sherlock, mas essas eram menos trabalhadas”, explicou Downey Jr. sobre as cenas de luta, ainda mais constantes na nova produção.

A investigação com uma lupa mais uma vez dá lugar à ação incessante, uma opção para atrair o público jovem, mas o ator acredita que essa versão de Guy Ritchie (diretor do longa) seja até mais fiel à imaginada por Conan Doyle. “Quando começamos a pesquisar sobre o filme, nos deparamos com algumas interpretações equivocadas de outras produções de Sherlock”, disse. “O personagem nunca usou capa ou fumou cachimbo. Isso foram detalhes acrescentados nos anos 1940 e 50”.

Downey Jr. comentou também que foi sua ideia fazer Holmes se vestir de mulher, em um dos momentos do novo filme que deve arrancar mais gargalhadas do público. “Na cena do trem, Sherlock apareceria inicialmente como padre, mas achei que as pessoas não iriam gostar muito. Então falei que ele deveria estar vestido de mulher, como uma drag queen. O importante é mostrar que em ‘O Jogo de Sombras’ nós temos diretor, produtores, atores e sempre a melhor ideia ganhou.”

O ator aproveitou para comentar a amizade que construiu com Jude Law, que interpreta o fiel amigo e assistente Dr. Watson. “Acho que nós nos complementamos. E para um cara bonito, ele até é legal”, ironizou. Downey Jr. também brincou sobre qual dos dois seria o mais sexy da dupla. “Jude está solteiro, deve estar soltando mais feromônios do que eu, um homem fiel e muito bem casado”, contemporizou, com o típico sorriso de Tony Stark.

Ele tem motivos para sorrir, de fato. Neste momento, Downey Jr. está negociando sua participação no novo projeto de Tim Burton, a adaptação de “As Aventuras de Pinóquio”, romance de Carlo Collodi lançado em 1881. Ele faria o Mestre Geppetto. “Estou conversando bastante com Burton sobre o Pinóquio. Não assinamos nada, mas é possível”. Além disso, o roteiro de “Sherlock Holmes 3” já começou a ser escrito e o terceiro filme do Homem de Ferro foi confirmado pela Marvel para o ano que vem. Antes, ele aparecerá no aguardadíssimo “Os Vingadores”, que já está pronto e estreia no Brasil em 27 de abril. “Ainda não vi o filme dos Vingadores, mas nós trabalhamos bastante para juntar todos os heróis. Espero que as pessoas gostem”, declarou.

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