sexta-feira, 5 de agosto de 2011

MAMUTE - Crítica


Mamute é um road movie com bela atuação de Gérard Depardieu



Indicado ao Urso de Ouro no Festival de Berlim, Mamute é o terceiro filme de Gérard Depardieu a chegar às salas brasileiras em 2011, após Minhas Tardes com Margueritte, de Jean Becker, e Potiche: Esposa Troféu, de François Ozon.

Aqui ele carrega o longa sozinho no papel de Serge, um açougueiro que completou 60 anos e finalmente conquistou a aposentadoria. Mas após tanto tempo trabalhando, o sujeito percebe que não sabe muito bem o que fazer com o tempo livre – tentar consertar os móveis de casa ou montar o quebra-cabeças de 2 mil peças que ganhou dos ex-colegas de trabalho não ajudam muito. Principalmente porque seu casamento está desgastado e sua mulher (Yolande Moreau) é uma insuportável reclamona.

Ficar em casa, como se vê, torna-se insustentável e a solução nasce justamente por conta de um problema: os antigos patrões de Serge não fizeram o registro formal na previdência e, para ele receber o benefício, precisará visitar cada local em que trabalhou e resgatar os documentos que comprovam seu histórico profissional.

A dupla Gustave de Kervern e Benoît Delépine escreveu e dirigiu esse interessante road movie cujo protagonista é um homem enorme, com longos cabelos loiros e cara de poucos amigos montado em sua moto Munch Mammut, um símbolo dos anos 1970.

Na primeira metade do filme, a câmera na mão enquadra com certa frequência o rosto de Serge, permitindo essa aproximação entre o espectador e o personagem e mostrando que, por detrás daquele mamute, há um sujeito de bom coração.

Mas talvez o próprio Serge tenha se esquecido de quem é e precise desenterrar seu passado – como fica claro na metafórica cena na qual ajuda o amigo coveiro a retirar um caixão da cova.

O mesmo acontece com o próprio ato de viajar pelo país em busca de suas origens. Resgatar os documentos antigos é revisitar as lembranças, descobrir-se novamente e tentar entender quais caminhos o levaram a ser o que o tornou hoje – inclusive enfrentar um trauma esquecido que envolve uma ex-namorada (Isabelle Adjani).

A fotografia granulada de Hugues Poulain (remetendo à ideia de “memória”) é interessante e os coadjuvantes que aparecem ao longo da projeção estão ótimos – principalmente a atriz Miss Ming, que interpreta uma simpática garota com distúrbios mentais.

Mas este é um filme de Depardieu, o tipo de ator que o grande público sabe que conhece, mas não se lembra exatamente de qual filme. Talvez a referência mais óbvia seja as adaptações cinematográficas das histórias de Asterix, personagem clássico das histórias em quadrinhos, nas quais interpreta Obelix.

Esse ótimo ator francês já trabalhou com o diretor Ridley Scott (1492 - A Conquista do Paraíso), atuou ao lado de Leonardo DiCaprio em O Homem da Máscara de Ferro e até participou do infantil da Disney 102 Dálmatas.

Se Depardieu está sumido das produções hollywoodianas é porque anda dando bastante atenção ao cinema de sua terra natal e a obras que valorizem seu talento. Vale a pena conferir o trabalho deste ator na criação de camadas deste personagem. Repare na transformação pela qual passa Serge, de mamute agressivo a um adorável ursão de pelúcia.

4 comentários:

  1. tava dando pra levar até o depardiue e o primo masturbarem-se mutuamente; ai estragou o programa, levantei e fui embora.

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    1. também concordo...estragou o filme...totalmente desnecessária a cena

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  2. Eu concordo com o anônimo de cima...tinham várias pessoas de idade no cinema que ficaram chocadas, inclusive eu (e olha q sou nova), acho que foi uma cena desnecessária. Não levantei e fui embora, mas passei a ver o filme com outros olhos.

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  3. As pessoas são podres em suas mentes e santas em sociedade. Só tem santo no mundo e o inferno tá cheio.

    Ótimo filme.

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