terça-feira, 13 de março de 2012

Hugh Jackman é um gigante de aço


O destino prega peças curiosas: não fosse por um pequeno incidente, provavelmente Hugh Jackman ainda estaria preso aos musicais na Austrália e assistiria com a família em algum cinema de Sydney a “Gigantes de Aço”. Acontece que o ator Dougray Scott, que estava cotado para interpretar Wolverine, machucou-se durante as gravações de “Missão Impossível 2”, e o diretor Bryan Singer precisou recorrer às pressas aos atores anteriormente rejeitados. Ao rever o teste de Jackman, bingo!

O resultado, como todos já sabem, foi uma carreia meteórica: em pouquíssimo tempo já protagonizava sozinho um filme de ação (“Van Helsing: O Caçador de Monstros”), trabalhou com dois dos grandes diretores americanos da nova geração – Darren Aronofsky, em “A Fonte da Vida”, e Christopher Nolan, em “O Grande Truque” –, filmou com Woody Allen em “Scoop – O Grande Furo” e até apresentou o Oscar, em 2009 – oportunidade que muitos atores veteranos jamais tiveram.

De volta aos blockbusters com “Gigantes de Aço”, que liderou por duas semanas o ranking dos filmes mais assistidos nos EUA, Jackman interpreta um mau caráter de bom coração, Charlie Kenton, ex-pugilista decadente que descobre que tem um filho de 10 anos e tenta rapidamente se desfazer dele. “Foi muito divertido ver até onde poderíamos levar o personagem”, o ator comenta, sobre o comportamento politicamente incorreto de Charlie. “Este é um filme da DreamWorks distribuído pela Disney e o protagonista vende seu filho nos primeiros 20 minutos! Quando mostramos para o estúdio, pensamos que eles pediriam para refazermos tudo.”

E é exatamente a relação problemática entre esse homem irresponsável e um garoto inteligente o que move o filme e tem conquistado os americanos. Ainda que o mau comportamento de Charlie em relação ao próprio filho fique próxima de ser cruel. “Depois de alguns takes”, lembra o diretor Shawn Levy (“Uma Noite no Museu”), “Hugh vinha todo preocupado até mim e perguntava ‘Você tem certeza de que não estou sendo muito duro com esse menino?’”. A preocupação do astro não é à toa: ele é pai de um garoto da mesma idade do personagem de Dakota Goyo (a versão mirim do deus do trovão no filme “Thor”).

O fator que desencadeará a redenção de Charlie, como não poderia deixar de ser, será um robô-sucata encontrada no ferro-velho, mas que demonstrará, a cada nova luta de box robótico futurista, uma resistência incrível. Como se vê, apesar de ter o boxe como cenário, “Gigantes de Aço” privilegia o coração em detrimento da ação. “Para fazer um filme de robô em 2011, e para que ele seja único, ele tinha que ser diferente”, comenta o diretor, sugerindo que tentou caminhar num trajeto oposto ao traçado por outra produção de Steven Spielberg, “Transformers”.

E para que a emoção da interação entre pai, filho e máquina fosse legítima, a produção optou por utilizar a presença física dos modelos do robô sempre que possível, em vez dos efeitos digitais e do fundo verde. “Imagine como foi para Dakota Goyo, com 11 anos de idade! Era simplesmente extraordinário e você vê isso no filme – é um sonho tornado realidade”, comenta Jackman.

A busca pela realidade foi tanta que o astro australiano decidiu engordar para interpretar um pugilista aposentado, inclusive conservando uma barriguinha. Acontece que, um mês antes de as filmagens começarem, o diretor percebeu que o ator não caberia no figurino do filme e solicitou imediatamente um emagrecimento. “Acho que o público não está pronto para ver um Hugh Jackman barrigudo”, brincou Levy.
Jackman recuperou a forma, o que será muito útil em breve, quando voltará a interpretar o mutante mais popular da Marvel em “The Wolverine”, a ser dirigido por James Mangold (“Encontro Explosivo”). Ainda se sabe muito pouco sobre a história, que terá o Japão como cenário, mas o ator já adianta que os problemas da memória do personagem ficaram para trás. “Já exploramos muito isso nos outros filmes”. Além disso, ele garante que a maior característica de Wolverine deverá ser potencializada. “Não acho que já vimos sua raiva expressa corretamente”, diz, para a alegria os fãs do personagem.

Antes de voltar a encarar o mutante de garras, porém, ele interpretará Jean Valjean no musical “Les Misérables”, dirigido por Tom Hooper (“O Discurso do Rei”), com Anne Hathaway e Russell Crowe no elenco. Ainda vai entrar em cartaz na comédia indie “Butter”, já exibida em festivais, e deve dar vida ao primeiro showman milionário P.T. Barnum em “The Greatest Showman on Earth”, lá em 2013. Ah, também vai apresentar um show sozinho num teatro da Broadway.


Com uma agenda tão concorrida, fica a pergunta: alguém ainda se lembra quem foi Dougray Scott?

Um comentário:

  1. È um ator excepcional , multitalentoso - canta, dança e atua - muitas vezes é preciso de um pouco de sorte nesta industria e Jackman concerteza soube aproveitar a que teve!

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