terça-feira, 31 de maio de 2011

X-MEN: PRIMEIRA CLASSE - CRÍTICA

Novo filme sobre os mutantes volta no tempo, conta a origem do grupo e dá novo fôlego à franquia


Lançado no ano 2000, o filme X-Men marcou o retorno bem sucedido de personagens de histórias em quadrinhos (HQs) no cinema depois de resultados esquecíveis na década de 1980. Ao escolher um tom realista e sóbrio, o diretor Bryan Singer substituiu a fantasia de super-heróis por um filme de ficção científica e ditou o caminho a ser seguido pelas produções posteriores. No entanto, depois de uma ótima sequência, a franquia deu sinais de desgaste, primeiro com o terceiro capítulo, X-Men: O Confronto Final, dirigido por Brett Ratner após Singer abandonar o barco para comandar Superman – O Retorno. Depois foi a vez de X-Men Origens: Wolverine, uma produção cujos problemas nos bastidores entre diretor e o estúdio resultaram num produto que não agradou nem a crítica nem os fieis seguidores, e mostrou que a franquia necessitava urgentemente de uma revitalização. 
Assim como aconteceu com Batman, Homem-Aranha e até com 007, o caminho escolhido pelos estúdios para manter os mutantes vivos no cinema foi recomeçar tudo, contando a origem da equipe de super-heróis liderada por Charles Xavier, e o resultado é X-Men: Primeira Classe. Apesar da insegurança criada nos últimos meses por conta de sua problemática divulgação, com cartazes e pôsteres de qualidade questionável, esta nova produção surpreende e vai deixar os fãs mais tranquilos. Bryan Singer voltou como produtor e roteirista e a direção ficou a cargo de Matthew Vaughn, que já havia feito outra ótima adaptação de uma HQ: Kick-Ass - Quebrando Tudo.

A história agora se passa em 1963, quando Xavier (James McAvoy, de O Procurado) ainda é um jovem interessado em garotas e que acaba de concluir sua tese sobre mutação genética. Ele conhece Erik Lehnsherr (Michael Fassbender, de Bastardos Inglórios), rapaz sobrevivente do horror do holocausto cujo objetivo é caçar os nazistas que escaparam das punições e estão livres pelo mundo. Um dos grandes acertos de Vaughn foi deixar a dupla de atores compor seus personagens sem se prender às atuações de Patrick Stewart e Ian McKellen dos filmes anteriores, mostrando personalidades ainda em formação. Com isso, é divertido ver Charles usando um xaveco batido para conquistar moças e entrando na mente de pessoas sem permissão.

Mas é em Magneto que o roteiro volta seu foco, mostrando alguém que tenta fazer o certo por meio de ações violentas e poderosas, como se ele fosse um amálgama de Batman e Superman. Charles e Erik tornam-se amigos, mas com visões diferentes sobre o mundo, em lados opostos de um tabuleiro de xadrez. A dupla decide montar uma equipe de mutantes para combater Sebastian Shaw (Kevin Bacon), líder do Clube do Inferno, um grupo responsável pela “Crise dos Mísseis” em Cuba, quando o planeta quase virou cinzas durante a Guerra Fria.

O diretor Matthew Vaughn soube utilizar os efeitos a favor da história e dos personagens, e os fãs ficarão contentes: há um belo entrosamento na primeira equipe dos X-Men, com destaque para Jennifer Lawrence (indicada ao Oscar por Inverno da Alma), a futura inimiga Mística. Completam o time Fera (Nicholas Hoult), Destrutor (Lucas Till), Banshee (Caleb Landry Jones), Darwin (Edi Gathegi) e Angel (Zoe Kravitz). Do lado oposto, Bacon não decepciona como o principal vilão e January Jones vai arrancar suspiros do público masculino cada vez que aparecer seminua como Emma Frost. O Clube do Inferno ainda conta com Azazel (Jason Flemyng) e Maré Selvagem (Alex Gonzalez). E, como já foi divulgado, há uma participação especial de Wolverine.

X-Men: Primeira Classe continua a abordar o tema central do universo mutante, o preconceito e a intolerância. Professor Xavier e Magneto são a versão Martin Luther King e Malcolm X de nosso mundo e, não à toa, o filme abre e fecha com uma moeda. Os anos 60 e a injeção de diferentes personagens deram fôlego à série, que deve render uma nova trilogia (ao estilo Star Wars). Mas, curioso mesmo, é ver num filme tipicamente hollywoodiano os exércitos americano e soviético serem representados de forma idêntica e patética.
  


*Texto publicado no site Plugou.com.br

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