quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

ANIMAMUNDI - 16° edição (2008)


Em 2008, aconteceu o 16° Festival Internacional de Animação do Brasil, o Anima Mundi, evento que seleciona os melhores trabalhos nacionais e internacionais desta técnica que encanta crianças e adultos. Com cerca de 450 filmes, de 42 países, a edição contou com produções que consolidam a luta contra o preconceito de que desenho é coisa para criança com diversas sessões desaconselháveis para menores de idade (detalhe: a primeira animação do mundo foi produzida em 1917, uma sátira política chamada O Apóstolo). Pelas mostras competitivas, 17 sessões de curtas-metragens – com cerca de 6 filmes cada –, quatro longas-metragens, além de sessões infantis. Profissionais e grandes nomes da área compareceram em mesas-redondas e palestras.

A sessão da qual participei apresentou 7 curtas: o mexicano S.I.T.E, do diretor Pablo Orlowsky; Animadores, do cartunista brasileiro Allan Sieber; Cook, Mug, Cook!, produção tcheca de Jirí Barta; Casa de Máquinas, outra produção nacional, dos diretores Maria Leite e Daniel Herthel; Monsieur Cok, animação francesa de Franck Dion; De Zwemles, do belga Danny de Vent; e Dji Vou Veu Volti, do também belga Benoit Feroumont.

S.I.T.E é uma mistura de “A bruxa de Blair” com “Cloverfield” num ambiente de guerra. Com câmera tremida, nunca conseguimos saber exatamente o que está acontecendo, exceto que o ambiente é um deserto e que há tanques procurando por algo. No fim do filme, todo esse mistério e dúvida sobre o que está acontecendo ao redor mais parece uma crítica à tão atrapalhada invasão americana no Iraque.

Animadores, do carioca Allan Sieber acompanha um dia de trabalho de um grupo de animadores de festa infantil. Sem diálogos e cores, o desenho segue a característica depressiva e irônica do diretor, vencedor de dois prêmios HQ Mix de 2008: Melhor Cartunista e Melhor Álbum de Cartuns (“Assim Rasteja a Humanidade”). Drogas, sexo e tristeza, conteúdo típico do universo de Sieber, acompanham o protagonista.

A animação da República Tcheca Cook, Mug, Cook! segue um roteiro aparentemente nonsense com dezenas de personagens seguindo suas rotinas num ambiente sem fundo gráfico (não há chão ou paredes, apenas objetos primários, como mesas, carros, copos etc). Porém, com a aceleração da trilha sonora, cacofônica, percebe-se que todos estão interligados, da mesma forma que acontece aqui, em nosso mundo real.

Casa de Máquinas, o mais fraco dos filmes exibidos na sessão, é o outro trabalho nacional em disputa, e mostra uma casa de brinquedo que produz industrialmente novas peças para as próximas casas de brinquedos, numa linha produtiva infinita; A indústria da guerra é o tema do francês Monsieur Cok. Com um ambiente sujo, cinza, o desenho mostra os desvarios de um milionário armamentista que não se importa com o mundo ao seu redor. Críticas ao capitalismo, à indústria da guerra e à hipocrisia da sociedade são os destaques da produção.     

De Zwemles, aparentemente infantil, esconde uma bela metáfora sobre a vida e as dificuldades que devemos enfrentar durante todo o percurso: um garotinho de quatro anos é levado a um clube aquático pela mãe, porém ele não sabe nadar. Após se perder, o pequeno cai na piscina e precisa aprender a se virar para não se afogar. Ao observar as demais pessoas se divertindo na piscina, a criança começa a entender sua própria situação.


 A clássica história shakespeariana do Romeu e Julieta é recontada de forma hilária em Dji Vou Veu Volti. Jovem apaixonado arrisca-se a entrar no castelo para fazer uma serenata para sua princesa, porém a letra da música só possui a frase “eu te amo” (o título do desenho, em belga). A repetição da frase fica tão chata que a própria legenda da música se revolta e decide brigar com o rapaz. O final é tão dramático e romântico como a história que a inspirou, mas ainda assim consegue não ser piegas. 


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