quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

BATMAN – O CAVALEIRO DAS TREVAS - CRÍTICA


Quando o diretor Tim Burton realizou Batman, o mundo era outro: fim da traumática Guerra Fria, derrubada do Muro de Berlin – que simbolizava a divisão entre socialistas e capitalistas –, a internet ainda estava em gestação... Logo, o espírito fantasioso da produção tinha tudo a ver com a circunstância em que se encontrava. Até mesmo o vilão Coringa, interpretado por Jack Nicholson, tinha um ar humorístico que, ao invés de assustar, fazia rir. Depois da sequência de Tim Burton, quem entrou no comando foi Joel Schumacher, que deu uma cara mais carnavalesca ao universo cinematográfico do homem-morcego: piadas infames como o “Bat-cartão-de-crédito” e a armadura do herói com mamilos afundaram a franquia.

Até que chegou o ótimo diretor Christopher Nolan (Amnésia) e, em 2005, recomeçou do zero a história de Bruce Wayne, milionário que, traumatizado com o assassinato de seus pais, decide viajar pelo mundo para aprender artes marciais e se torna o vigilante Batman. Neste mundo pós-11 de Setembro, Nolan buscou o máximo de realidade possível, transformando a Gotham mergulhada no caos em uma cópia de nossa realidade com seu Batman Begins. O filme foi um sucesso de público e de crítica e sua sequência vinha sendo aguardada ansiosamente.

E não é que Batman – O Cavaleiro das Trevas conseguiu superar o filme anterior! Com um pé ainda mais fundo na realidade, um herói que age violentamente, porém buscando fazer a coisa certa, e um vilão extremamente assustador, que rouba a cena cada vez que aparece, esta sequência pode ser considerada um marco na história do cinema moderno hollywoodiano.

A começar pelo fato de ser este o último trabalho completo do ator Heath Ledger, que morreu após ingerir uma overdose de remédios, pouco depois do término das filmagens. Seu Coringa é extremamente violento, sarcástico, frio, perigoso, psicopata...  ao contrário do que entregou Jack Nicholson. Foi uma das maiores interpretações já vistas, premiada postumamente com o Oscar.

Christian Bale também está mais maduro no papel de Bruce Wayne / Batman. Aliás, o elenco é outro ponto positivo: Maggie Gyllenhaal substitui Katie Holmes e dá mais vida à Rachel Dawes; o ótimo Aaron Eckhart interpreta Harvey Dent, que, todos sabem, se transforma em Duas Caras; os mitos Michael Caine e Morgan Freeman voltam com seus personagens de Batman Begins (o mordomo Alfred e o especialista em aparatos Lucius Fox, respectivamente); Gary Oldman também retorna com seu Jim Gordon, que, enfim, passa de tenente para comissário.
  

 E o roteiro é outra pérola a ser apreciada. A narrativa não pára um segundo, deixando os personagens a todo momento em alguma situação de perigo. No final do filme anterior, Gordon questiona ao homem-morcego como eles enfrentarão a escalada da violência (“Nós compramos semi-automática, os bandidos passam a usar pistolas automáticas; nós usamos coletes à prova de balas e eles passam a usar munição perfurizantes de Kevlar; surge você, um herói mascarado, agora aparece bandidos fantasiados”). Pois agora o maior desafio de Batman é enfrentar um psicopata que quer provar que todos podem ultrapassar os limites do bom senso. Personagens morrem, mas um clássico acabou de nascer. 


Agora é aguardar a conclusão da trilogia de Nolan, The Dark Knight Rises, que já conta com Anne Hathaway (O Diabo Veste Prada) como Mulher-Gato e Tom Hardy (A Origem) como Bane. O filme tem estreia prevista em julho de 2012.

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