quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

SOU FEIA MAS TO NA MODA - CRÍTICA

Em forma de desenho animado, com traço do cartunista Allan Sieber, a abertura do documentário Sou feia mas tô na moda, sobre o funk carioca, apresenta uma imagem simbólica: um casal lindo e loiro curte a vida na praia quando aparece uma máquina sonora em forma de “popozuda”, invade a areia e o esmaga. Uma ilustração bem vívida da força que alcançou o fenômeno musical analisado pela diretora Denise Garcia.

Passando sua câmera rapidamente pela influência do Miami Bass, dos anos 1980, e pelos polêmicos bailes Lado A / Lado B – em que jovens se dividiam em grupos para trocarem socos –, Denise põe em foco os protagonistas da cena atual (DJ Marlboro, Tati Quebra-Barraco e Deise da Injeção, entre outros) e investiga como o funk usou a sensualidade para sair da decadência em que se encontrava. Através das letras sexualmente explícitas cantadas por mulheres, por exemplo, descobre-se uma reafirmação do feminismo, com a qual as garotas do subúrbio deixam de ser objetos sexuais, abandonam a submissão em que se encontravam e impõem sua posição social. 

E, antes que as bandeiras moralistas se levantem contra as letras e danças apelativas, os músicos e moradores dos morros cariocas criticam a hipocrisia da sociedade, que aceita as novelas com sexo em horário nobre e o Carnaval para exportação, com dançarinas nuas em carros alegóricos. Mas o documentário acerta mesmo em cheio quando um dos entrevistados lembra que a juventude que hoje canta e dança o funk era a criança que assistia ao Faustão apresentar, em seu programa dominical, os concursos de loira e morena do Tchan!, e aprendeu a ralar na boquinha da garrafa...

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