Não há nomes no documentário O Samba Que Mora Em Mim, que estreia nesta sexta-feira, 11 de fevereiro, em São Paulo e no Rio de Janeiro. Durante a infância, a diretora Geórgia Guerra-Peixe acompanhou seu pai nos ensaios da escola de samba Estação Primeira de Mangueira e, em seu primeiro longa-metragem, decide subir o Morro para conhecer a vida das pessoas que vivem naquela comunidade.
Um a um, personagens e seu cotidiano vão aparecendo na tela, como um mestre de bateria da escola de samba, uma jovem que ganha a vida com seu pequeno comércio, e uma das pessoas mais idosas do local, um senhora com mais de 100 bisnetos. Geórgia faz questão de não legendar os nomes dos participantes, deixando claro que o Morro da Mangueira é o protagonista, e os personagens representam os moradores, cada um com uma história particular.
Sua câmera é intimista, sempre muito próxima das pessoas e de suas ações, principalmente nas atividades corriqueiras como cozinhar, andar pela rua ou simplesmente cantar. Ficam evidente, aqui, a experiência da diretora em publicidade e a bela fotografia de Marcelo Rocha.
No entanto, O Samba Que Mora em Mim peca justamente onde poderia estar sua maior riqueza. A opção de Geórgia em sublinhar as pessoas comuns da comunidade tirou a possibilidade de apresentar personagens históricos ou que realmente teriam alguma boa história para contar. Afinal, estamos falando do morro sede de uma das mais tradicionais escolas de samba do país e local que convive com a violência do tráfico de drogas.
Além disso, o documentário se passa no período pré-carnaval, evento que mobiliza toda a comunidade da Mangueira. Porém, a diretora desperdiça a chance de acompanhar as angústias dos participantes nos bastidores da apresentação, contentando-se em registrar uma única cena do desfile, através de uma televisão.
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