quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

André Dahmer, Mr. Manson e Arnaldo Branco

INTERNET E HUMOR
André Dahmer, Mr. Manson e Arnaldo Branco discutem o futuro
das piadas na rede mundial

Realizada pela Oficina da Palavra, na Casa Mário de Andrade (Rua Lopes Chaves, 546 - Barra Funda) no dia 20 de maio de 2008, a palestra Internet e Humor colocou na mesma mesa três dos grandes humoristas da nova geração: André Dahmer, cartunista e responsável pelo site Malvados, Wagner Martins, criador do famoso blog Cocadaboa, e Arnaldo Branco, roteirista, desenhista e dono do site Mal Humor.
 
Em pauta, a discussão foi sobre quais caminhos os humoristas têm tomado para expor seus trabalhos na rede mundial de computadores, as dificuldades em produzir livros e outros materiais impressos e quais os próximos passos a serem dados para alcançar cada vez mais público. A crise social que vive o Brasil e, mais especificamente, o Rio de Janeiro, também foi debatida na mesa (os três são cariocas e Dahmer e Arnaldo ainda moram no Rio).

De longe o mais politizado dos presentes, André Dahmer vem conquistando cada vez mais fãs na internet com suas tirinhas politicamente incorretas no site www.malvados.com.br. Filosofia, crítica social, e piadas ácidas sobre a hipocrisia e comportamento humano são apresentadas de forma fria e bem-humorada, causando um certo incômodo e muitas risadas. Fã declarado do cartunista Laerte, Dahmer explicou que usa a técnica de “pescaria” em seu processo criativo: para onde vai, leva um caderninho e anota as idéias que vai pescando durante o dia.
 
Wagner Martins, conhecido entre os blogueiros pelo pseudônimo de Mr. Manson, é o mais sarcástico do grupo. A todo momento solta uma piada, ou faz algum comentário mais escrachado em cima das falas dos companheiros. Quando um rapaz do público elogiou uma tirinha que viu no site do Dahmer, Mr Manson não perdeu tempo: “Hummm, acho que alguém ganhou um cuzinho hoje, heim, Dahmer!” Manson ficou famoso com seu blog www.cocadaboa.com, onde destila boatos e comentários polêmicos, que repercutem em toda a blogosfera.

Tímido, centrado, e mais intelectualizado entre os três, Arnaldo Branco procurou não chamar a atenção durante a palestra. Em seus comentários, sempre faz alguma referência a autores literários, o que vira motivo de piada do companheiro Mr. Manson. Dahmer define Arnaldo como o “humorista dos humoristas”, já que ele não tem sucesso de público, mas é muito admirado entre os cartunistas. As tiras de Arnaldo Branco são publicadas no G1, portal da Globo.com e no endereço www.gardenal.org/mauhumor .

A facilidade com que a internet abre espaço para os artistas, diferentemente do que acontece com os materiais impressos – da qual é necessária a assessoria de uma editora –  é opinião unânime entre os palestrantes. “A internet é como mijar na piscina: depois que entrou, não dá pra tirar mais”, definiu Dahmer, que ainda desafiou o editor do Jornal do Brasil, veículo que publica suas tiras no formato impresso: “Em dois anos, terei mais leitores que eles”.   

“Prefiro a violência do Rio do que o trânsito de São Paulo”, brincou Arnaldo Branco, ao se desculpar pelo atraso de meia hora (como André Dahmer tem medo de andar de avião, os dois vieram de ônibus, porém ficaram presos no engarrafamento). E explica a diferença entre as duas maiores capitais nacionais: “São Paulo é para casar, o Rio é para foder”. Já Dahmer se diz decepcionado com a atual situação social da capital carioca: “A qualquer hora, vou pro mato!”.

O criador do personagem Malvado disse ter ficado inconformado com o fato de seu colega Arnaldo Branco ter sido chamado pela polícia para explicar a história do personagem Capitão Presença, cujo poder é ter sempre um cigarro de maconha disponível no bolso. “Crime de opinião é um retrocesso”, declarou, e aproveitou pra criticar a proibição da Marcha da Maconha, que seria realizada no Rio de Janeiro no mês de maio. “Vivemos uma ditadura velada”.



Após três horas de conversa, regada a cervejas, cigarros e piadas, os fãs dos humoristas ainda tiveram um presente: como o ônibus de volta para o Rio de Janeiro só sairia no dia seguinte, e ainda eram 23h30, foram todos para o bar mais próximo. Ou seja, muita besteira ainda seria dita e a noite estava só começando.

Ouça como foi o bate-papo clicando aqui.

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