terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

INCÊNDIOS - CRÍTICA

Indicado ao Oscar 2011 de Melhor Filme Estrangeiro, obra franco-canadense faz metáfora sobre intolerância entre as três religiões monoteístas 


Com a recente queda de Hosni Mubarak no governo do Egito após 30 anos de ditadura, e as crescentes revoltas populares pelos demais países do norte da África e do mundo árabe, ganha força a produção canadense Incêndios, indicada ao Oscar 2011 de Melhor Filme Estrangeiro, e que estreia no Brasil no dia 25 de fevereiro. Dirigido por Denis Villeneuve, baseado na peça de Wajdi Mouawad, Incêndios mostra o drama da família Marwan trazendo como pano de fundo a intolerância religiosa da região que mais parece um barril de pólvora.

Durante a leitura do testamento de sua mãe, os gêmeos Jeanne (Mélissa Désormeaux-Poulin) e Simon Marwan (Maxim Gaudette) descobrem que tem um irmão e que seu pai ainda está vivo. Na carta, a falecida pede aos filhos que viagem ao Oriente Médio, descubram onde estão os dois homens e lhe entreguem uma carta selada a cada um. A jovem Jeanne decide cumprir a missão e sai em busca do passado da mãe, Nawal Marwan, mulher expulsa do vilarejo natal e que acabou se envolvendo com um movimento militar revolucionário.

Com paciência, o diretor Denis Villeneuve deixa a história se desenvolver vagarosamente, intercalando as cenas da busca da filha pelas raízes de sua família com os flashbacks do destino de sua mãe – numa interpretação marcante da atriz Lubna Azabal. Villeneuve também é o autor do roteiro, e entrega em cada capítulo do filme uma peça do quebra-cabeça, colocando o espectador na mesma situação de desorientação dos gêmeos.

Mas o elemento mais poderoso da produção canadense está no pano de fundo da história, a guerra religiosa que domina o Oriente Médio. A cena do massacre no ônibus, que estampa o cartaz e dá título ao filme, é angustiante e resume todas as contradições de um conflito secular e irracional. Incêndios acaba se tornando um complemento de Valsa com Bashir, documentário em forma de animação (!) dirigido pelo israelense Ari Folman, também indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro dois anos atrás.

Quando os créditos sobem, fica cristalina a grandiosa metáfora sobre a intolerância entre as três grandes religiões monoteístas e a família Marwan.




Um comentário:

  1. Oba! Agora tenho dois filmes pra ver "Incêndios" e "Valsa com Bashir" e uma peça para achar.Obrigada.

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